Natalia Yahn e Luana Rodrigues
O terceiro envolvido na tortura do menino de 4 anos, durante ritual de magia negra, é procurado pela Polícia Civil. O rapaz de 18 anos, seria primo da criança e já é considerado foragido, conforme o delegado titular da DPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), Paulo Sérgio Lauretto. Equipes de investigadores estão em diligências para tentar localizar o jovem na área central de Campo Grande e também em endereços apontados pelo casal que já esta preso.
O delegado já esteve em busca de informações sobre o caso na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, onde foi feito o registro da ocorrência ontem (23). Ele também já falou com a criança, que continua internada na Santa Casa sem previsão de receber alta. “Conversei com o menino e ele relatou o que aconteceu. Como ele está sob o efeito de sedativos, não entrei em detalhes”, explicou.
Lauretto ainda não conseguiu ouvir o casal que esta preso e já confessou o crime. Os dois, que são tios da criança, participaram da audiência de custódia no início da manhã de hoje (24). “Estive na casa, mas não consegui entrar por não ter mandado de busca e estava tudo fechado. Tenho o relato do procedimento registrado pelo plantão da Depac, onde os dois confessam o crime. Agora estamos em diligências na tentativa de encontrar o rapaz. Além disso, deve receber durante a tarde todo o material recolhido com o casal, inclusive o vídeo filmado por eles durante a tortura”, explicou o delegado.
Ainda esta tarde o titular da DPCA vai ouvir as filhas do casal, de 10 e 14 anos – anteriormente a Polícia Civil informou que as meninas tinha 9 e 13 anos. As duas estão em um abrigo e não têm sinais aparentes de violência.
“Também vou ouvir os vizinhos e outros familiares, para obter mais provas e identificar quando a tortura começou. Os dois vão ser indiciados por tortura e abandono de incapaz. Mesmo com esta situação toda não caracteriza tentativa de homicídio”, explicou.
“Também vou ouvir os vizinhos e outros familiares, para obter mais provas e identificar quando a tortura começou. Os dois vão ser indiciados por tortura e abandono de incapaz. Mesmo com esta situação toda não caracteriza tentativa de homicídio”, explicou.
A prisão preventiva do casal deve ser decretada ainda hoje (24), a partir daí a Polícia Civil tem dez dias para concluir o inquérito e o Ministério Público Estadual mais cinco dias para oferecer a denúncia.
Caso – O menino já tinha sido abandonado pelos pais, que são usuários de drogas e vivem nas ruas. Ele foi então encaminhado para a casa da avó, que também desistiu da guarda, então os tios foram designados como responsáveis pela criança.
A conselheira tutelar Cassandra Szuberski contou que o menino vivia em um abrigo, mas foi reintegrado à família. Uma equipe, composta por psicólogo e assistente social, que acompanhava o menino, identificou que havia uma situação grave e convenceu os tios a levá-lo para atendimento.
A vítima, primeiro foi atendia na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Coronel Antonino e depois encaminhada para a Santa Casa. Os tios da criança foram presos pela Polícia Militar e levados à Depac. “A vítima não corre risco de morte, mas está muito machucada”, disse Cassandra.
A criança deu entrada na unidade com o rosto queimado, testículos machucados, unha arrancada, orelha inchada. Segundo a conselheiro, um vídeo que mostra a criança amarrada e sendo torturada foi encontrado no celular de uma das filhas do casal. “O que fizeram com a criança foi tortura. Nunca tinha visto tamanha crueldade. Ontem, tive que tomar remédio para dormir”, lamenta a conselheira.
A mulher de 31 anos que foi presa por torturar o sobrinho relatou à Polícia Civil que as sessões de maus tratos contra o menino aconteciam quando estava “possuída por Exu”.
De acordo com a delegada plantonista da Depac Centro, Priscila Anuda, a mulher disse que o ritual era para trazer prosperidade. As sessões brutais contra a criança aconteciam de três a quatro vezes por semana, nos outros dias o menino ficava amarrado. Os médicos que atenderam o menino acreditam que ele sofria tortura há pelo menos dois meses.
Ainda conforme o relato à delegada, ela disse que o marido, de 46 anos, não gostava da criança, apesar de ser o tio-avô por laço de sangue. Ele também está preso. O menino teve todas as unhas arrancadas, era queimado com bitucas de cigarro e cachaça quente, está com ferimentos no órgãos genitais, orelha inchada e corre risco de ficar cego de um olho.
O casal vai responder por tortura qualificada e abandono de incapaz. A pena é superior a 10 anos de prisão.
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