Jovem disse ainda que 'era obrigado' durante rituais de magia negra
Giovani da Silva Ortiz, de 18 anos, afirmou ao delegado Paulo Sérgio Lauretto, titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), que foi obrigado a participar dos rituais de 'magia negra' pelos tios do menino, de 4 anos.
Segundo o depoimento de Giovani os rituais começaram em setembro de 2015, e que em muitas vezes era obrigado a participar. Além disso ele afirma que em um dos últimos rituais, a tia da criança o fez 'incorporar' uma entidade, portanto ele não lembra do ocorrido.
O delegado ainda afirmou que durante o depoimento, Giovani disse que a mãe da tia da criança também participava dos rituais, contradizendo a afirmação dela de que só praticava 'magia branca' e que nunca teria participado de sessões de tortura contra o menino.
Para o delegado, Giovani afirmou que a criança era agredida com cabo de vassoura, era queimada com ponta de charuto e tinha água quente derramada em seu corpo. Ainda de acordo com o depoimento, o último ritual de que teria participado foi em dezembro de 2015.
Lauretto ainda afirmou que vai aguardar um mandado de busca e apreensão para realizar a perícia na residência onde o casal morava. A mãe da tia da criança, de 4 anos, deve voltar a ser ouvida depois do depoimento de Giovani que confirmou sua participação nos rituais.
Giovani será encaminhado ainda nesta quinta-feira (25) para o presídio, mas ainda não se sabe para qual estabelecimento penal.
O caso
A criança foi resgatada na noite desta terça-feira (23) depois de uma visita de rotina do abrigo que constatou os machucados no menino, que tinha muitas lesões pelo corpo, nas costas, pescoço e teve a unha do dedão do pé arrancada, além de ter água quente derramada em sua cabeça.
A criança foi levada para a Santa Casa da Capital e segundo informações da enfermeira que atendeu o menino, ele pode até perder a visão dos dois olhos devido às agressões sofridas.
O casal, de 31 e 46 anos, tios do menino tinham a guarda desde maio de 2015. O menino tem uma irmã, que ainda está no abrigo. Na residência que fica na região central de Campo Grande, foram encontrados dois celulares, R$ 402, pulseiras de miçangas, patuá e um boneco, que segundo informações eram usados em prática de magia negra.
A justificativa para tanta barbárie seria o diabo, como disse a tia. Segundo a autora, eles ouviam vozes, que eram do diabo, e por isso, praticavam as torturas. O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro e deve ser repassado para a Depca.
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