segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Ex-diretoras denunciam demissões na calada da noite e pais se mobilizam

Famílias continuam protestos contra exonerações e ex-servidoras destacam perseguição política

A exoneração de mais de 40 diretores de escolas municipais e Centros de Educação Infantil continua repercutindo negativamente para a atual gestão do prefeito Alcides Bernal (PP). Além de ter sido criticado por diversas autoridades, os pais continuam a protestar contra o ato e, agora, a ex-diretoras denunciam que o problema não foi a exoneração propriamente dita e, sim, a forma que aconteceu, devido à falta de respeito.

Domênica Nobre de Jesus contou que, no mês de julho, faria oito anos de direção no Ceinf Maria Oliveira Lima, no bairro Moreninhas. “Na verdade, o cargo é de confiança do prefeito. Pode tirar e colocar quem ele quiser. Só não concordo com a forma como foi feita, sem aviso prévio, publicar no Diário Oficial à noite, depois das 22h. Comunicar era o mínimo, eu não respondo processo, ninguém tem reclamação de mim. Tanto é que tem um monte de manifestação sobre minha saída, os pais ficaram revoltados”,destacou.

O anúncio foi feito em Diário Oficial, na quarta-feira passada (17). “Estou ciente que o cargo é de confiança, mas ele tinha que ter mais respeito. É uma falta de consideração enorme, são oito anos de dedicação, cuidando das crianças, conquistando a comunidade, fazemos um trabalho de formiguinha. Daí chega outra pessoa e cai de paraquedas”, desabafou Domênica.

Defesa
Enquanto Bernal tenta se defender dizendo que foi um ato pensado para “oxigenar a administração” e falou que uma equipe da Semed (Secretaria Municipal de Educação) se reuniu antes para avisar sobre as exonerações, durante agenda pública na sexta-feira (19), as entrevistadas denunciam o contrário e se sentem desrespeitadas.

Angela Maria de Brito era responsável pelo Ceinf Varandas do Campo, localizado na região do Centro-Oeste, próximo ao Bairro Paulo Coeho Machado. Nesta manhã de segunda-feira (22), teve uma manifestação dos pais em frente à unidade. “Eles mesmo estão se mobilizando e contou até com a presença da força policial. Os pais estão indignados, fazem protestos. Mas eles têm que trabalhar e não têm onde deixar as crianças. Eu mesmo tenho duas filhas que estão no Ceinf”, contou.

Assim como a vice-governadora de Mato Grosso do Sul, Rose Modesto (PSDB) disse recentemente, Angela destaca que foi politicagem. “É ano eleitoral, foi pura politicagem. Temos que exigir, imediatamente, organizar eleição para diretor e parar com essa injustiça, porque as crianças que sofrem. Ele (Bernal) está com raiva, é brigado com todo mundo na Câmara, não tem ligações políticas, e por isso está fazendo essa bagunça”, destacou.

Angela questiona que sua exoneração foi arbitrária. “Os pais não gostam de quem assumiu, a nova diretora não tem concurso, não tem formação e veio de outro Ceinf. Foi por vingança e não para assumir o cargo. Eu sou concursada 40h, tenho especialização em educação infantil, sou habilitada em administração e função escolar. Meu trabalho estava ótimo, a comunidade me apoiava”, contou.

Ela também contradiz a fala de Bernal. “É mentira essa história de oxigenar a administração porque faz apenas um ano e oito meses que sou diretora. Foi totalmente arbitrário, ele nem nos avisou e deveria ter feito pesquisa para saber quem realmente trabalha. Nem me chamaram na Semed, fiquei sabendo por uma amiga que também saiu. Soube apenas no Diário”, denunciou.

A polêmica sobre o salário dos diretores também foi alvo de revolta. “Há muitas denúncias falsas, eu recebia apenas o salário de professora, mais gratificação de 1,8 mil, não era apenas pelo dinheiro. Pode ser que o salário de diretores de carreira seja superior, acho que ganham mais. O salário de diretor do Ceinf é menor, do fundamental que é maior porque tem mais alunos e problemas” explicou.

Perspectiva

Domênica não critica quem ficou em seu lugar porque não a conhece, mas diz que apesar de sofrer com a mudança terá que seguir a vida. “Agora vou tentar arrumar uma sala de aula, porque sou concursada do Estado em um período. Vou voltar porque estava cedida”, contou. Quanto à Angela, ela disse que nesta manhã que irá à Semed. “Vou ver o que vai ser da minha vida. Logico que vou trabalhar”.

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