Viviane Oliveira e Luana Rodrigues
Os pais do menino de 4 anos, que era torturado pelos tios em ritual de magia negra, são usuários de droga e vivem nas ruas, conforme contam a psicóloga Andressa Eloana e a assistente social Viviane Maria Gonçalves, que trabalham no abrigo, onde a criança morou até 20 de maio do ano passado. Segundo elas, há dois anos, a vítima e uma irmã, que continua na casa de acolhimento, foram encontradas em situação de abandono no local onde viviam com os pais.
Ainda abaladas com a situação, Andressa e Viviane contam que na época a guarda do menino foi passada a avó. Ela ficou seis meses e depois procurou a Justiça informando que não tinha condições de criar o neto, por motivos de saúde, e o devolveu judicialmente.
O menino, então, foi acolhido no abrigo até ir morar com os tios. “Ele era um pouco carente, mas saudável, gostava de conversar e brincava muito, como qualquer outra criança da idade dele”, dizem as duas educadoras.
Em maio do ano passado, a guarda da criança foi entregue aos tios. A mulher de 31 anos, acusada de torturar o sobrinho junto com o marido de 46 anos, foi quem procurou a Justiça demonstrando interesse . “Nós fizemos acompanhamento da família. O casal tem duas filhas de 9 e 13 anos, e as duas são saudáveis e educadas. Os dois pareciam ser uma família perfeita e ideal para cuidar de uma criança. Durante a visita no abrigo, o casal chegava a se emocionar quando via o sobrinho”, afirmam.
Durante seis meses, a psicóloga e assistente social fizeram visitas mensais na casa do casal e nada de diferente havia sido notado no menino. “O acompanhamento na residência já tinha terminado, mas o contato por telefone com a família era mantido”, contam Andressa e Viviane.
Ontem, as duas foram visitar o menino e o encontraram machucado. Imediatamente, elas levaram a vítima ao posto de saúde da Coronel Antonino. Lá, o médico ficou horrorizado com a situação em que o menino se encontrava e o encaminhou à Santa Casa.
Na unidade, a polícia e conselho tutelar foram acionados, pois os ferimentos foram causados por queimaduras e socos. Então, o casal chamado até o hospital e depois encaminhados à delegacia. Os dois chegaram a negar o crime, mas depois confessaram que torturavam a criança. O primo da criança e suspeito de participar dos rituais, um jovem de 18 anos está foragido. “Eu me sinto frustada. Frustada pela capacidade humana de fazer esse tipo de coisa”, lamenta Viviane. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados para preservar a criança.
O caso - Conforme a polícia, o menino teve lesões graves no corpo causadas por queimaduras, socos e pancadas. Foram verificadas também, conforme registro policial, ferimentos antigos, como inchaço na região dos testículos e unhas arrancadas.
O casal vai responder por tortura qualificada e abandono de incapaz. A pena é superior a 10 anos de prisão. As sessões brutais contra a criança aconteciam de três a quatro vezes por semana. A família mora em um conjunto de casas na rua Maracaju.
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